sábado, 3 de julho de 2010

Elís discursando sobre o tantrismo (mesmo sem saber..)

Muito bom este vídeo, um discurso claramente matriarcal, sensorial e desrepressor!

Para ver é só clicar aqui.

Para quem já esta estudando nossa cultura, sabe que nosso Yôga tem raízes comportamentais no Trantra branco.O nome completo de nossas raízes é Dakshínacharatántrika Nirishwárasámkhya Yôga.

ok, uma coisa de cada vez.

Nosso tipo de Yôga é Tantra-Sámkhya.

E o que é o Tantra?

O Tantra é uma filosofia comportamental de características matriarcais, sensoriais e desrepressoras.
De onde surgiram essas características? A maior parte das sociedades primitivas não-guerreiras as tinham.

Toda sociedade na qual a cultura não era centrada na guerra, valorizava a mulher e até mesmo a divinizava, pois ela era capaz de um milagre que o homem não compreendia nem conseguia reproduzir: ela dava a vida a outros seres humanos. Gerava o próprio homem. Por isso era adorada como encarnação da divindade mesma. E mais: através das práticas tântricas, era a mulher que despertava o poder interno do homem por meio do sexo sacralizado. Ainda hoje ela é reverenciada como deusa no Tantra.

Daí, a qualidade matriarcal. Dela desdobram-se as outras duas características. A mãe dá à luz pelo seu ventre – isso é sensorial. Alimenta o filho com o seu seio – isso é sensorial também. Não poderia ser contra a valorização do corpo, não poderia ser anti-sensorial como os brahmácharyas. A mãe é sempre mais carinhosa e liberal do que o pai, até mesmo pelo fato de o filhote ter nascido do corpo dela e não do dele. E também porque é da natureza do macho ser mais agressivo e menos sensível. Pode ser que tal comportamento tenha muita influência cultural, mas é reforçado, sem dúvida, por componentes biológicos.

Por tudo isso e ainda como conseqüência da sensorialidade, desdobra-se a qualidade desrepressora do Tantra. O impulso pelo prazer não é obliterado ou reprimido como ocorre noutras linhas comportamentais. Pelo contrário, o Tantra considera o prazer como uma via bastante válida na conquista do desenvolvimento interior.

Assim era o povo drávida, que vivia antigamente no território hoje ocupado pela Índia. Assim era o Tantra que nasceu desse povo e assim era o Yôga que existia naquela época: um Yôga tântrico.

Mas um dia a Índia começou a ser invadida por hordas de sub-bárbaros guerreiros, os áryas ou arianos.

Ao guerreiro não podem importar o envolvimento mais profundo com a mulher nem a conseqüente família e o afeto. Seria até incoerente. Ele não pode ter laços que o amoleçam ou se sentirá acovardado diante da expectativa da luta e da morte sempre iminente. Então, ele torna-se contra a influência da mulher que frenaria sua liberdade e seu impulso belicoso. É contra os prazeres que o tornariam acomodado. É contra a sensorialidade, pois também não pode se permitir sensibilidade à dor durante o combate ou perante a tortura. Por isso tudo, ele é anti-sensorial, restritivo à mulher e contra o prazer. Por conseqüência, torna-se repressor, pois começa a proibir o sexo, a convivência com a mulher e os prazeres em geral. Depois expande essa restrição, tornando-a uma maneira de ser, uma filosofia comportamental.

Quando os arianos ocuparam a Índia há 3.500 anos, impuseram a cultura brahmácharya (patriarcal, anti-sensorial e repressora), proibindo, portanto, a cultura tântrica (matriarcal, sensorial e desrepressora) por ser oposta ao regime vigente. Quem praticasse o Tantra e reverenciasse a mulher, ou divindades femininas, seria acusado de subversão e traição. Como tal, seria perseguido, preso e torturado até a morte.

Dessa forma, com a sua proibição por razões culturais, raciais e políticas, o Tantra se tornou uma tradição secreta. Continua assim até hoje, pois continuamos vivendo num mundo marcantemente brahmácharya, não apenas na Índia, mas na maior parte das nações.

O Yôga primitivo, de raízes Tantra e Sámkhya, foi resgatado na atualidade e sistematizado com o nome de Swásthya Yôga.

Texto do livro Tantra a sexualidade sacralizada.

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